O segundo mandato de Dilma Rousseff deve ser mesmo terrível. Em carta enviada ao Congresso, a presidente proclamou que o primeiro foi extraordinário. Como manda a Constituição, a inquilina do Planalto dirigiu-se aos congressistas no início do ano legislativo para prestar contas do que fez e informar o que fará. Tomada pelo texto, Dilma adotou a tática do avestruz. Para não tomar conhecimento da realidade, ela enfia a cabeça na autoestima. Partindo de premissas frágeis, chega a conclusões perfeitamente equivocadas.
Levado pelo primeiro-ministro Aloisio Mercadante e lido em plenário pelo primeiro-secretário Beto Mansur (PRB-SP), o documento de Dilma tem dimensões amazônicas: de capa a capa, 472 páginas. A credibilidade da peça pode ser medida em dois trechos. Num, madame promete ajustar a economia sem “recessão e retrocesso.” Noutro, sustenta que seu governo tem “combatido sem trégua a corrupção.” Suas palavras foram lidas em sessão presidida pelo petroaliado Renan Calheiros, padrinho de Sérgio Machado, o indemissível presidente licenciado da Transpetro.
A rotina no condomínio governista ficou mesmo muito parecida com o futebol. A diferença é que o campo não é demarcado, vale impedimento, a bola é quadrada e a juíza não expulsa jogador ladrão. Quanto à cervejinha, convém verificar se não tem um cuspe-amigo misturado à espuma.
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