sexta-feira, 10 de abril de 2015

RIO DE JANEIRO: Ex-baterista que mora na rua é levado para hospital psiquiátrico



Postado por Erandir santos, em 10 de abril de 2015

Wigberto, suspeito de agredir mulher em Niterói, tocou violão na delegacia.
Segundo músicos da região, ele tocou com Celso Blues Boy e Tim Maia.
Matheus Rodrigues e Fernanda Rouvenat*Do G1 Rio


O ex-baterista Wigberto Rodrigues da Silvaque tem problemas psiquiátricos e é suspeito de agredir pessoas nas ruas de Niteróifoi acolhido na manhã desta quinta-feira (9) em uma ação das secretarias de Ordem Pública (Seop), Saúde e Assistência Social de Niterói.

Guardas municipais o encontraram e o encaminharam para 77ª DP (Icaraí), onde as secretarias de Saúde e Assistência Social foram informadas. Segundo a Seop, Wigberto estava calmo, segurava um disco do Roberto Carlos e aceitou acompanhar os guardas sem resistir. Na delegacia, ficou tranquilo, tocando violão levado por profissionais da Saúde Mental.

Segundo a prefeitura de Niterói, o instrumento foi levado para facilitar a aproximação e, após um primeiro atendimento, o músico foi encaminhado ao Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, onde será avaliado e receberá acompanhamento e tratamento necessários.

“Já tinha uma denúncia de agressão contra ele e como eu vinha passando pela Domingues de Sá, eu avistei ele. Já até ouvi comentários da população dizendo que ele é agressivo, mas não vi nada de agressividade nele. Ele está lúcido, com perfil tranquilo, respondendo bem. Trouxemos ele pra delegacia por conta do registro que existe contra ele. A polícia levantou a ficha e disse que só há uma queixa contra ele e não podem permanecer com ele na delegacia”, disse o guarda municipal Carlos Alberto Santos, que encontrou o músico na rua.

Baterista dos anos 80 vira morador de rua em Niterói (Foto: Reprodução/Internet)Baterista dos anos 80 vira morador de rua em Niterói (Foto: Reprodução/Internet)
'Swing nas mãos'
Wigberto ficou conhecido nos anos 1980 pelo talento e “swing nas mãos” tocando com músicos que fazem sucesso até hoje. Artistas da região afirmam que Wigberto participou de diversos shows com referências da música brasileira como Celso Blues Boy e Tim Maia. Ele também, segundo amigos, fez uma participação no filme 'Bete Balanço', escrito e dirigido por Lael Rodrigues e estrelado por Débora Bloch em 1984.

Amigos e conhecidos lamentam a situação atual do baterista. O também músico Zélly Mansur, de 53 anos, mora em Angola atualmente, mas viveu em Niterói por 35 anos. Durante muito tempo foi amigo de Wigberto e fizeram shows juntos na noite da cidade. Ele afirmou ao G1 que após algumas brigas familiares, o companheiro chegou a se hospedar na sua casa por volta de quatro meses.
Wigberto anda pelas ruas da Zona Sul de Niterói (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)Wigberto andava pelas ruas da Zona Sul de Niterói nesta quarta (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)
“Eu prometi duas semanas, mas ele acabou ficando quatro meses, tive até problemas com meus pais que começaram a reclamar. Depois de um tempo que ele saiu lá de casa, ele foi para a rua e a cabeça dele foi desparafusando devagar. Então ele foi perdendo a sequência lógica de raciocínio e começava a se perder nos assuntos. Ele realmente tinha muitos problemas pessoais e depois foi para a rua. Tornou uma bola de neve gigante”, disse Mansur.
Ele não é bandido ou criminoso, ele é doente e precisa de ajuda"
Angélica Blanchart, psicóloga
Agressão
Na segunda-feira (6), uma jovem de 16 anos foi empurrada da bicicleta enquanto se preparava para ir à escola, por volta das 7h, como antecipou o o site do "Jornal de Niterói". Wigberto é suspeito e teria sido inclusive flagrado num vídeo de circuito de segurança. A mãe da vítima, Karla Ribeiro, afirmou que ele teria dado um soco na adolescente e corrido em seguida, sem tentar roubar nada.

“Ele está descontrolado, a princípio ele não tinha atacado ninguém até então. Ele deu o soco e fugiu. Ele não pegou nada da minha filha, falaram que ele era baterista de uma banda e começou a morar na rua. É um perigo ter ele desse jeito na rua”, contou.
Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento para apurar as circunstâncias da agressão. A vítima foi ouvida e agentes realizam diligências em busca de informações que ajudem a identificar a autoria.
G1 percorreu padarias que ele costuma pedir café da manhã, pontos que ele costuma frequentar e conheceu a psicóloga Angélica Blanchart. Ela acompanhou o caso de Wigberto há alguns anos e disse que o ex-paciente nunca foi agressivo, mas tem algumas complicações mentais.
“Eu tenho medo que as pessoas entendam errado, porque se acharem ele vão prender, levar ele para a cadeia e podem até bater nele. A polícia tinha que pegar ele e levar para algum lugar onde ele possa se tratar. Ele não é bandido ou criminoso, ele é doente e precisa de ajuda. Quem achar ele, tem que chamar o SAMU e pedir para levar para algum lugar onde podem tratar dele”, afirmou Angélica.
Lucimara afirmou que homem pediu caderno e caneta para escrever música (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)Lucimara afirmou que homem pediu caderno e
caneta para escrever música (Foto: Matheus
Rodrigues/ G1)
Wigberto foi encontrado na quarta-feira (8) na Rua Moreira César em frente a um prédio. Muitos moradores da região já conheciam ele e paravam para perguntar como ele estava já que apresentava alguns machucados no rosto. Após alguns minutos, a terapeuta ocupacional Lucimara Pinheiro, de 53 anos, foi surpreendida ao tentar oferecer ajuda. “Eu ofereci dinheiro para ele comer alguma coisa, mas ele me pediu um caderno e uma caneta. Eu não entendi e ele disse que ia escrever uma música para mim. Eu não sabia que ele é músico, Também me pediu uma Coca-Cola, mas pediu para eu comprar porque não deixam ele entrar na padaria”, afirmou a moradora de Icaraí.
Último tratamento
Luiz Adriano Godoy, de 42 anos, é psicólogo do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) Herbert de Souza – instituição que faz parte da saúde pública de Niterói - e foi a última pessoa que acompanhou o tratamento do músico. Ele afirmou que “ele recebia um tratamento, mas não ficava internado. Quando ele voltou para a rua nunca mais voltou. Ele está sumido [do Caps], mas precisa sair da rua”.

*Sob supervisão de José Raphael Berrêdo
Homem anda com caderno que ganhou para compor música (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)Homem anda com caderno que ganhou para compor música (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)Fonte: G1

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