domingo, 16 de agosto de 2015

TAUÁ: Delícias da terra. O Interior como garantia de qualidade



Postado por Erandir santos, em 16 de agosto de 2015
Pode até ter rótulo de uma marca, mas o que garante a fama e conquista o freguês é a tradição da cidade no Interior de onde vem o queijo, a pimenta, o doce e a carne de carneiro
A carne de carneiro de Tauá faz sucesso no mercado São Sebastião
Pode ser a tradição do preparo, o pioneirismo da cidade ou uma tentativa de rememorar, pelo sabor, a meninice. É como se no queijo, no doce, na pimenta ou na carne estivesse guardado um pedaço de Interior que reconecta com o num-sei-o-quê de afeto. E, assim, o produto ganha certificado de qualidade. “Tem quem chegue aqui e esqueça até do costume de pedir um pedaço, só quer saber se o queijo é do Jaguaribe. Parece até que vai comer a cidade e não o queijo”, conta Estervânia Menezes, 45, comerciante do mercado São Sebastião que há 22 anos vive da venda do queijo coalho da cidade a 308 km de Fortaleza.

O produto, para Ester, junta as qualidades necessárias para combinar com o baião de dois e o feijão verde; e tem a consistência exata para ser assado. “Fica aquela crosta douradinha, sabe?”. Ela se vale da história para explicar porque o afamado queijo nunca achou concorrente. “Deve ser porque ele foi o primeiro desses queijos que o povo conheceu. Acabou que o paladar se acostumou e foi passando de pai pra filho”.

Maria das Neves, 68, a dona Nevinha, hoje aposentada e sogra de Ester, conta, no meio de um suspiro de saudade, que, em 1972, era ela quem transportava os carregamentos de queijo de Jaguaribe para Fortaleza. Cheia de paciência, dona Nevinha lembra um tempo que de carro-refrigerado o Interior não sabia nem o nome. “Como é que trazia o leite fresco pra cá? Não trazia. Pra não perder tinha de fazer queijo. Quem foi comprando seus carros com refrigerador foi deixando de fazer o queijo. A tradição foi perdendo força. Mas ficou em Jaguaribe, que era mais longe da Capital”, puxa pela memória.

Dona Nevinha diz que, naquele tempo, queijo daquelas bandas só se comprava na mão dela, do Sancho ou do Bigode. Cada um vendia uns 500 quilos toda semana. Hoje, cada queijaria no São Sebastião vende mais ou menos isso. E não mudou foi a receita: “queijo bom e de qualidade precisa de pelo menos 12 litros de leite pra fazer um quilo”, ensina Nevinha.

Comidas
Do doce de leite, Cláudia Braga, 24, vendedora, tem lembrança do cheiro e da cremosidade que só a avó, de Itapajé (a 125 km da Capital), sabia reproduzir. Para Cláudia, justamente as receitas de família foram fazendo a fama do doce da sua terra. A da avó dela é simples: o litro do leite tem de estar talhado naturalmente, receber primeiro dez colheres de açúcar, ser posto em fogo brando e depois receber mais açúcar aos pouquinhos. “Mas os doces de hoje não têm o mesmo gosto não”, conta com desdém. 
Aluízio Rodrigues, 43, é da mesma ideia. “Doce gostoso era o que vinha de Itapajé numas latas de leite em pó, sabe? Dava mais gosto. Aí proibiram a lata. E no vidro e no plástico passa é longe”, opina.

Já o molho de pimenta no leite vem de Paraipaba (a 93 km de Fortaleza) e não fica muito tempo nas prateleiras de Reginaldo Farias, 38. Ele credita à plantação boa de pimenta e a um processo caseiro de fabricação “que não tem outro igual e é segredo”.

Também no mercado, pode olhar que as peças mais vistosas de carneiro, com a carne vermelha, tenra e sem muito músculo, seu Deoclécio de Castro Alves, 61, garante que vêm de Tauá (a 337 km da Capital). A carne, diz ele, é das mais saudáveis. Não tem semana que dona Mônica, a esposa dele, não prepare o produto de Tauá com batata e cheiro-verde. “É um afago”, derrete-se o marido.
Fonte: O Povo

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